out 14, 2014 AgroCeleiro Agricultura Familiar, Noticias 0
Ao perceber que a idade dos associados vinha em queda, na contramão do êxodo rural, a direção da Cooperativa Languiru, de Teutônia, decidiu estimular e qualificar ainda mais a permanência dos filhos dos produtores na propriedade: criou uma espécie de escola de sucessão familiar. Procura não faltou. Em 2004, os cooperativados tinham, em média, 57 anos. Em 2013, essa referência caiu para 48,7 anos — graças ao ingresso de um maior número de jovens no quadro de sócios.
— Percebemos que era importante qualificar, com ênfase na gestão, essa juventude que estava se associando. E também melhorar suas condições socioeconômicas e culturais. Se há recursos financeiros e modernização, o trabalho fica mais fácil e atrativo — explica Dirceu Bayer, presidente da Languiru.
Ferramentas gerenciais, diz Bayer, estão permitindo que os jovens produtores façam investimentos com mais certeza e confiança, e isso os estimula a permanecer na terra. É o que ocorre, hoje, com Sabine Pedrussi, 25 anos, e Diego Dickel, 21 anos, produtores de Teutônia, onde fica a sede da cooperativa. Ambos tiveram a opção de trabalhar na área urbana. Escolheram o campo. Pesou na decisão o acesso às informações, com o uso da internet, e a automatização das propriedades, eliminando parte do trabalho braçal. A certeza de que permanecer no campo é o caminho levou os dois jovens produtores a participarem da primeira turma do Programa de Sucessão Familiar da cooperativa. Dividido em módulos e encontros mensais, o programa une teoria e prática em administração (veja no quadro abaixo).
— Ter projetos é fundamental para os jovens. Eles sairão transformados do curso. Mas a mudança vai ser percebida, mesmo, daqui a alguns anos — avalia Lucildo Ahlert, 64 anos, orientador do programa e consultor em gestão de empreendimentos rurais.
Estudante do quinto semestre de Agronegócios na Faculdade de Tecnologia La Salle, em Estrela, Diego tem orgulho de apresentar a propriedade às visitas. A casa ampla, a piscina e o carro na garagem indicam que os negócios vão bem. Desde que o pai, André Dickel, 46 anos, passou a bola ao filho, as 39 vacas criadas na Linha Gamela ganharam um galpão mais confortável.
— É bom vê-lo dar andamento à propriedade. Vejo isso como continuidade — diz o pai, orgulhoso.
A mãe do jovem, Lenise, 42 anos, conta que algo pouco comum ocorreu recentemente: sobrou dinheiro, guardado para emergências. Parte do mérito é de Diego. À noite e ao meio-dia, ele se debruça sobre o computador e analisa o que revelam os números gerados por um software para gestão da propriedade, implantado no início deste ano:
— Lanço todas as entradas e as saídas (de dinheiro) e consigo enxergar claramente onde gastamos mais e onde precisamos segurar.
Alimentador automático nos planos de Sabine
A propriedade de Sabine Pedrussi, 25 anos, é geradora de informações avaliadas no programa da Cooperativa Languiru, com outras cinco (entre as quais a de Diego Dickel). Os 57 hectares gerenciados por Sabine abrigam 59 vacas de leite, 47 terneiras e 150 suínos. A ideia de ter propriedades de referência é para que os alunos vejam como a teoria pode ajudar na prática. Os dados coletados permitem, ainda, ver se os sucessores estão dando conta do recado. Sabine, por exemplo, administra gastos e lucros mapeados por um software.
— Isso ajuda a enxergar para onde vai o dinheiro. Quero construir um galpão novo, com capacidade para mil suínos e tratador automático — projeta a produtora, que divide as tarefas da propriedade com a mãe, Traudi Goldmeyer, 58 anos, o pai, Renato Cord, 60 anos, e o marido, Lindomar, 28 anos.
Perspectivas diferentes
Trabalhar a gestão é fator fundamental para permitir e estimular a permanência do jovem no campo, afirma Rosani Spanevello, professora do curso de Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e pesquisadora na área de agricultura familiar:
— Hoje, o agricultor precisa entender não apenas de produção, mas de custos e da comercialização. Os filhos de produtores estão trabalhando sob uma perspectiva diferente, com maior escolaridade e domínio de ferramentas com a internet e disposição para introduzir novas tecnologias. E valorizam mais o trabalho de gestão. Eles se qualificam como agricultores e como administradores.
Combater o êxodo rural, no entanto, exige ações mais complexas. De acordo com Rosani, é preciso levar em conta que mesmo os jovens que gostam de ficar no campo não querem depender somente da renda agrícola devido a incertezas que rondam a produção. E há aspectos comportamentais a serem levados em conta:
— Existem questões familiares, como o reconhecimento dos pais pelo trabalho dos filhos e o incentivo para que queiram ser agricultores. Isso pesa na decisão sobre permanecer ou não na propriedade paterna. A gestão compartilhada, com divisão de tarefas e rendimentos, é um caminho.
Marli Bühler, engenheira agrônoma e coordenadora dos centros de formação da Emater, ressalta que a participação em cursos é fundamental para desenvolver um trabalho realmente eficiente em áreas rurais:
— A qualificação leva à viabilidade e sustentabilidade econômicas. À medida que as atividades derem retorno econômico e satisfação pessoal, o jovem vai querer permanecer no campo, ocorrendo automaticamente o processo de sucessão familiar.
Rotinas de administração e finanças dentro das porteiras
Também no Vale do Taquari, e assim como a Languiru, a Cooperativa de Suinocultores de Encantado (Cosuel) criou um programa interno para estimular associados e seus filhos a seguirem na propriedade e implantar melhorias. Conhecida pela marca Dália Alimentos, a cooperativa começou o projeto em 2013 e está na terceira turma. Já formou 11 jovens. O curso dura 18 meses, com conteúdo que aborda o gerenciamento da propriedade agrícola. O objetivo é facilitar a continuidade dos negócios nas mãos da família e desenvolver a propriedade a partir de preceitos e rotinas de administração.
As atividades incluem duas visitas técnicas a propriedades, implementação de sistemas informatizados, debates e projetos de melhoria e organização dos dados pelo participante. Depois, à distância, o coordenador do curso, Lucildo Ahlert, revisa e analisa os dados enviados pelos jovens.
Fonte: ZH
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