jul 06, 2017 Site Agroceleiro Artigos, Noticias 0
Sistemas integrados de produção, como a Integração Lavoura-Pecuária e esquemas de sucessão e rotação com intensificação de culturas, podem maximizar a produtividade e o uso dos recursos naturais, mas demandam conhecimento técnico por parte do agricultor. O controle de pragas, por exemplo, deve ser pensado de maneira mais ampla, tendo em vista os sistemas adotados. “Com o uso intensivo das áreas, temos várias pragas que são polífagas. Insetos que atacavam até então uma cultura passaram a ter importância em outros cultivos. É o caso do percevejo barriga-verde, característico da soja, e que hoje é praga do milho segunda safra, em função do plantio do cereal em sucessão à leguminosa.
O que produtor faz numa cultura para controlar as pragas pode ter efeito na outra. Essa é a prática de manejo que deve ser adotada nos sistemas. Um exemplo é a lagarta-do-cartucho, principal praga do milho, que se alimenta de várias plantas hospedeiras e inclusive de algumas plantas daninhas, como a buva. “Se não há controle adequado de plantas daninhas numa área, e o milho é plantado nela, a lagarta aparece antecipadamente. Com a braquiária, sendo utilizada como planta de cobertura, pode acontecer a mesma coisa. Há necessidade de se fazer a desseca antecipada para interromper o ciclo do inseto.
Em relação às cultivares transgênicas Bt, cuja adoção em 2016 chegou a 88,4% do milho plantado no País, segundo dados do CIB (Conselho de Informações sobre Biotecnologia), das seis proteínas com ação inseticida, uma (Cry 1F) já perdeu sua efetividade. “A da área de refúgio é necessária para que haja redução da chance de quebra da resistência, com plantio de no mínimo 10% da área plantada com milho convencional. Deve também ser próxima da área semeada com milho Bt, pois a distância média do voo das mariposas é de 800 metros. A grande questão hoje é como prorrogar a validade e eficácia dos transgênicos”, alerta Simone Mendes. Já para o controle da cigarrinha-do-milho, algumas medidas são tratar especificamente as sementes com inseticida e evitar o plantio de cultivares suscetíveis e em plantios escalonados.
Fertilidade do solo
Solo coberto é sinônimo de benefícios. Segundo o pesquisador Álvaro Vilela de Resende, da área de Solos e Nutrição de Plantas, o sistema plantio direto bem estabelecido permite que as raízes se aprofundem mais, “incorporando carbono e favorecendo a busca por água e nutrientes, além de incentivar a atividade microbiana”, explica. Após o devido condicionamento com correção da acidez e adubações, de acordo com Resende, o aprofundamento das raízes contribui para manter o chamado “perfil de alta fertilidade”, no qual os solos armazenam mais água e matéria orgânica, além de nutrientes essenciais. Em algumas situações, essa melhoria é tão expressiva que permite ao produtor reduzir ou até mesmo deixar de adubar por uma ou mais safras, sem perdas significativas de produtividade.
A intensificação dos sistemas aliada a práticas de manejo conservacionista pode ser estratégia para produzir em condições de estresse hídrico. De acordo com o pesquisador Emerson Borghi, da área de Fitotecnia, a ideia da intensificação é trazer ganhos de produção na área ao longo do ano. Segundo ele, os benefícios são a possibilidade de produção de grãos ou silagem com uma forrageira subsequente para pastejo, tendo ainda o maior armazenamento de água e de nutrientes e a descompactação do solo como fatores para melhoria do potencial produtivo da área.
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