mar 25, 2015 AgroCeleiro Artigos, Noticias 0
O Rio Grande do Sul corre o risco de enfrentar uma crise hídrica, semelhante a da região Sudeste. Para a geógrafa Mariana Lisboa Pessoa, pesquisadora da Fundação de Economia e Estatística (FEE), o Estado já sofre um crise crônica causada por falta de planejamento e má gestão dos recursos hídricos, que resulta na baixa qualidade da água e no desequilíbrio entre disponibilidade e demanda. A avaliação da geógrafa consta do artigo “O Rio Grande do Sul corre o risco de enfrentar uma crise hídrica?” que consta na Carta de Conjuntura de março apresentada ontem na FEE.
Segundo Mariana Lisboa, o Estado já sofre uma crise crônica e para não se transformar em aguda, como já ocorre na região Sudeste do país, necessita investir em infraestrutura de saneamento e em melhorias nos sistemas de irrigação. Além disso, a geógrafa defende uma proteção dos mananciais (solo, vegetação e água) e reuso da água.
Um levantamento do Ministério das Cidades aponta que apenas 31,2% do esgoto são coletados e 12,6% são tratados no Rio Grande do Sul, enquanto no Brasil, os percentuais alcançam 54,2% e 39% respectivamente. Além disso, segundo a geógrafa, três dos 10 rios mais poluídos do Brasil (Sinos, Gravataí e Caí) abastecem mais de 1,5 milhão de pessoas. Segundo ela, o uso indiscriminado de agrotóxicos e fertilizantes nas lavoura do Estado e o despejo inadequado de rejeitos industriais também influenciam na perda de qualidade das águas.
Nas cidades, conforme a geógrafa, contribuem para um desequilíbrio no balanço hídrico, por um lado, o aumento da demanda – que deverá ser de cerca de 6% até 2025 – e, por outro, a diminuição da disponibilidade, seja por perda de qualidade ou de quantidade. Nas áreas rurais, o desequilíbrio é ainda maior e está relacionado, principalmente, à retirada de água para irrigação de mais de 150 mil hectares de lavouras, o que consome 78% do total da água utilizada no Estado.
Devido a esse desequilíbrio, a Agência Nacional das Águas (ANA) considera que o Estado possui uma das situações mais críticas de balanço hídrico, junto com o semiárido nordestino, e, por isso, está entre as áreas prioritárias de ação do Programa de Desenvolvimento do Setor Água (Interáguas), que visa o planejamento e à gestão dos recursos hídricos em áreas críticas.
Fonte: Correio do Povo.
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