ago 20, 2018 Site Agroceleiro Artigos, Noticias, Técnicas Agrícolas 0
Programa vai subsidiar políticas públicas, gestão territorial, agricultura de precisão e decisões sobre crédito agrícola. Em 10 anos, vai gerar ganhos estimados em R$ 40 bilhões.
A partir da assinatura do decreto 9.414, que inicia as atividades do Programa Nacional de Solos do Brasil (PronaSolos), o maior programa de investigação do solo da história. O trabalho, liderado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, tem apoio da Embrapa, universidades, institutos e empresas de pesquisa e agências especializadas.
“Esse é um passo para o futuro, estamos tratando água e solo com a dignidade necessária. Com a assinatura do presidente da república, o Brasil passa a ter uma estratégia de 30 anos para levantamento do uso dos solos”, explica o coordenador do Pronasolos, o chefe geral da Embrapa Solos, José Carlos Polidoro. “Num futuro próximo, teremos a erosão controlada no Brasil, evitando um prejuízo anual de cinco milhões de dólares por ano”, declara o pesquisador frisando que o programa vai colocar o Brasil em um patamar diferenciado entre as nações, ampliando sua capacidade de conservar e usar melhor solo e água. “Garantiremos a segurança hídrica e, principalmente, cuidaremos do solo e da água, os dois capitais naturais mais importantes para a sociedade”.
O Pronasolos pretende mapear o território brasileiro e gerar dados com diferentes graus de detalhamento para subsidiar políticas públicas, auxiliar gestão territorial, embasar agricultura de precisão e apoiar decisões de concessão do crédito agrícola, entre muitas outras aplicações. O Programa deve gerar ganhos de R$ 40 bilhões ao País dentro de uma década, de acordo com especialistas. Esse valor é dez vezes mais do que o investimento necessário para todo o Programa.
20 instituições participarão do trabalho
Definido pelo presidente da Embrapa, Maurício Antônio Lopes, como uma das maiores iniciativas do Brasil para proteger seu solo, o PronaSolos está orçado em R$ 1.3 bilhão, nos dez primeiros anos, e envolverá atividades de investigação, documentação, inventário e interpretação de dados de solos brasileiros para gestão desse recurso e sua conservação.
Entre os maiores resultados esperados está a criação de um sistema nacional de informação sobre solos do Brasil e a retomada de um programa nacional de levantamento de solo. “Esses dois pontos a serem atendidos estão listados no acordão 1942/2015 redigido pelo Tribunal de Contas da União, que deu origem ao programa,” diz Polidoro. “O programa irá obter informações importantes no nível de detalhamento necessário para que o País consiga usar esse recurso natural tão importante”, disse o cientista.
O presidente da Embrapa ressaltou a importância do trabalho coletivo para a realização da empreitada. “Não se faz um trabalho dessa magnitude sem uma parceria muito consolidada, por isso envolve atores de extrema importância,” frisou. “Exploramos outros planetas e conhecemos pouco o nosso próprio solo”, disse o presidente da Embrapa, ressaltando que o solo é um recurso com o qual se deve ter cuidado. “A produção de alimentos cada vez mais sofisticados e a desertificação observada em diversas partes do planeta são exemplos de questões relacionadas a esse valioso recurso”, comentou.
A concretização do Pronasolos contou também com o apoio das técnicas Fabiana Martins e Tatiana Vasconcelos, da Subchefia de Análises e Acompanhamento de Políticas Governamentais da Presidência da Republica, que lideraram o grupo de trabalho que apoiou a equipe do PronaSolos.
Efeitos ambientais
Segundo dados da FAO, o Brasil possui 140 milhões de hectares com diferentes níveis de erosão (o equivalente a mais de nove milhões e 500 mil Maracanãs) e precisa reverter esse quadro o quanto antes. Com o Pronasolos será possível evitar que novas degradações aconteçam e facilitará na recuperação de áreas degradadas. “A erosão faz o solo perder seus atributos químicos, físicos e biológicos. Também provoca a perda de qualidade e disponibilidade de água especialmente para consumo humano”, enumera Aluísio Granato de Andrade, pesquisador da Embrapa Solos com trabalhos voltados para uso, manejo, conservação e recuperação do solo. Sem cobertura florestal, a água não consegue penetrar corretamente nos lençóis freáticos, causando diminuição na quantidade de água.
Uma área de terras degradadas faz com que as populações sejam forçadas a tentar produzir em terras marginais, não aptas para lavouras ou pastagens, ou avancem em direção a terras mais frágeis (Amazônia e Pantanal, por exemplo), multiplicando desesperadoramente a degradação
A atividade humana sem conhecimento dos recursos naturais – solo, água e biodiversidade -, a falta de planejamento em diferentes escalas, o uso de sistemas não adequados de manejo, o desmatamento incorreto, a exploração do solo acima de sua capacidade (superpastoreio, agricultura extensiva), além do crescimento urbano e industrial desordenados dão origem a uma sequência de ações que influem sobre as propriedades e a natureza do solo, tornando-o mais susceptível às forças naturais de degradação e afetando consideravelmente a quantidade e qualidade da água.
Com um terço de suas terras degradadas, nos Estados Unidos a erosão causa prejuízos anuais na ordem de 10 bilhões de dólares ao ano.
Com a implementação do PronaSolos, estamos mais próximos de mudar essa realidade no Brasil.
Fonte: Embrapa Solos
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