ago 21, 2017 Site Agroceleiro Noticias, Pecuária Leite 0
A importação de leite pelo Brasil, sobretudo da Argentina e do Uruguai, foi debatida numa concorrida Audiência Pública realizada na tarde da ultima terça-feira, dia 15, pela Comissão de Agricultura, Pecuária Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados. A Embrapa foi representada pelo pesquisador e chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, Paulo Martins, que defendeu que o produto deve ser tratado como assunto de Estado. “É assim em toda parte do mundo. Não há nenhum país que trabalhe com livre comércio no que diz respeito ao leite”, esclareceu.
Doutor em Economia, Paulo Martins disse que o leite exige políticas de governo claramente definidas para que seja possível à cadeia produtiva cumprir algumas missões. A primeira delas é oferecer proteína animal barata para a população; a segunda, por questões sanitárias, é fazer com que o consumidor tenha acesso a um leite de qualidade; e a terceira é a de gerar emprego e renda no interior do Brasil.
Analisando os dados do censo realizado pelo IBGE em 2006, Martins mostrou que apenas 62 municípios não produzem leite, excluídos os que não comercializam o produto. Isso demonstra da produção de leite no pais.
O pesquisador apontou a capacidade de aumento do consumo de leite no País, como um ponto de atração para a entrada de produto importado e de empresas que querem explorar o nosso mercado. “O Brasil está ainda bem aquém da sua capacidade máxima de consumo de lácteos. Estados Unidos e União Europeia já estão no limite, que é algo em torno de 270 litros de leite por habitante por ano”, explicou. Segundo ele, o consumo atual do brasileiro é de cerca de 170 litros anuais. “Nós podemos aumentar o consumo em mais de 100 litros por habitante por ano, além da previsão de crescimento populacional até 2030. Empresas tradicionais do ramo de refrigerantes também começaram a investir em leite, pois reconhecem esse potencial que o País tem em continuar incrementando o consumo desse produto”, afirmou.
Segundo ele, nem mesmo o preço interno elevado foi estímulo para que o produtor aumentasse a oferta. “Uma coisa é preço, outra coisa é custo, e o que vale na verdade é a margem de lucro, o que demonstra que as atuais condições são pouco favoráveis aos produtores de leite brasileiros, comparado com o preço do mercado internacional”, afirmou.
Também debateram o assunto vários deputados, além de representantes dos trabalhadores e dos produtores rurais, do Ministério da Agricultura e de outros ramos da cadeia produtiva do leite.
embrapa
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