nov 03, 2014 AgroCeleiro Noticias, Pecuária Leite 0
A situação de milhares de produtores de leite do Rio Grande do Sul não é nada boa. Mais de quatro mil pecuaristas estão sem receber das indústrias para onde vendem. A reportagem do Canal Rural foi até o interior do Estado para mostrar exemplos desse problema.
A empresa Pró-Milk, com sede em Estrela (RS), entrou em recuperação judicial este mês e deixou quatro mil produtores rurais sem pagamento. Notas do pecuarista Celso Auler comprovam a venda de R$ 20 mil, entre os meses de agosto e setembro, e o pagamento foi de apenas R$ 3,7 mil.
A Pro-Milk é uma empresa privada, que intermediava a venda do leite entre produtores e indústria. Com a crise financeira, o prejuízo está sendo dos pecuaristas. Para manter o equilíbrio da propriedade, Auler teve que usar as economias da família.
– Não tem como ser mais difícil do que está, porque trabalhar sem renda não tem como, impossível – reclama o produtor.
Outro produtor, Sérgio Käfer, calcula uma dívida de R$ 38,6 mil da empresa, que deixou de pagar pelo leite que ele vendeu.
– Só alguém que passa por isso para sentir como que é, porque a ração a gente tem que comprar, os combustíveis, tudo tem que ser pago: água, luz, telefone, ração. A gente depende muito desse dinheiro que eles deixaram de pagar – protesta Käfer.
Sérgio e Celso fazem parte de uma extensa lista de produtores lesados pela Pró-Milk. Só em Estrela, oitava maior produtora de leite do Brasil, são 20 produtores sem receber. Para tentar amenizar um pouco o prejuízo, Käfer vendeu até algumas vacas do rebanho.
– Tem que ter jogo de cintura, joga pra lá, pra cá, esses tempos atrás vendi umas vacas, peguei dinheiro emprestado, um pouquinho dali, tinha umas economias e foi tudo agora. Ficamos em estaca zero de novo – lamenta.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Estrela, a falta de pagamento aos produtores se deu devido ao não repasse da indústria LBR, que está em recuperação judicial. Sem o dinheiro, a Pró-Milk, que fazia a captação e o transporte do leite do produtor para a indústria, encerrou as atividades sem nenhuma explicação aos agricultores.
– A empresa fechou no início de outubro, encerrou as atividades, e agora deixaram muitos agricultores empenhados na função do pagamento. Hoje, muitos estão encontrando várias dificuldades, tem financiamentos para pagar no banco, que eles fizeram através do Mais Alimentos, e as pessoas estão com dificuldades financeiras – relata o presidente do Sindicato, Rogério Heemann.
A Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag) acompanha o caso de perto e busca soluções para amenizar os prejuízos dos produtores.
– Indicamos que procurem o Ministério Público, a Justiça, para iniciarem um processo para serem pagos. Nós precisamos nos precaver para que na hora que for aberto o processo, nós possamos apresentar a nossa conta. Pretendemos, nessa semana ainda, junto com o Sindilat, procurar as empresas que estão fechando – conta Elton Weber, presidente da Fetag.
CANAL RURAL
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