mar 02, 2015 AgroCeleiro Noticias 0
Os reflexos da greve dos caminhoneiros começa a desenhar um cenário apocalítico no campo. Animais passando fome, leite azedando em laticínios, jogado fora nas propriedades e agricultores se descapitalizando a cada dia.
De acordo com o gerente da área pecuária da Cotrisal, Vilmar Bonfanti, na região do Médio Alto Uruguai há 6 mil matrizes de suínos e 40 mil de engorda sem ração e, passando fome. “Desde a última segunda-feira (23) os animais estão sem comida. A situação é caótica. No caso do leite não é diferente. Na região, 200 mil litros são jogados fora pelos agricultores, diariamente, desde terça-feira (24). Hoje 740 mil litros, estocados na Cotrisal há 3 dias, foram descartados por estarem impróprios para o consumo” conta Bonfanti.
Na propriedade do agricultor Davi Vizinheviski de Tenente Portela-RS, noroeste do estado do Rio Grande do Sul, 950 litros da bebida foram jogados no solo hoje. “Não há o que fazer com o leite e a ração do gado também está acabando, além disso, o custo é alto para manter o rebanho leiteiro. Somente com a homeopatia animal se vão R$ 500 por mês. Os gastos continuam e perdemos dinheiro a cada dia” conta desesperado o produtor.
Além de descartar cerca de 200 litros ao dia desde a última segunda-feira (23), o agricultor Derli Fuck, também de Tenente Portela-RS, está com toda a produção de tabaco pronta para entrega, a espera do fim da greve. “Não é fácil, o agricultor sempre é prejudicado e fica de mãos amarradas, arcando com todos os prejuízos”, exclama ele.
A Fetraf-RS analisa a possibilidade de medidas judiciais com objetivo de liberar a passagem dos caminhões com alimentos perecíveis, ração e cargas vivas. Na tarde desta quinta-feira (26) a Fetraf-Sul e Fetraf-Brasil têm audiência com o Ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rosseto, para apresentar a pauta de reivindicações e, discutir a greve dos caminhoneiros.
A Cotrisal, Aurora Alimentos e Alibem também discutem uma saída judicial para o problema. “Não somos contra greves, mas precisamos garantir no mínimo a liberação das cargas vivas e perecíveis. É inadmissível deixar os animais passando fome, como está acontecendo agora”, destaca o gerente de pecuária da Cotrisal.
Fonte: Fetraf SUL
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